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sexta-feira, 13 de junho de 2008

Ler ou não lido, será esta a questão?

Decidi abrir uma nova prancha de trabalho...O tempo para ler papel é tão pouco, toda a gente se queixa do mesmo. E não consigo sequer reler o que já li. Impossível repetir... decidi então passear um pouco sobre tudas essas memórias.

Uma grande questão, cruel dúvida. Por onde começar? Agora que acreditei que ia poder sonhar os meus sonhos (já é um passeio pela obra do nosso grande poeta contemporâneo), vou voltar a sonhar os dos outros...Paciência. Serão certamente melhores que os meus, ou pelos menos mais bem descritos e escritos.

Li tudo quanto pude, do Almada até ao Zola. Sim, também li . Acho que fiz uma paragem muito grande no meio. A Metamorfose a isso me obrigou e hoje penso que se nada tivesse lido ou aprendido tudo seria certa e seguramente original. Assim o esforço da originalidade é sempre um risco, tal a confusão de sinapses, ajudadas pelo amigo alemão, com nome algarvio, o Al, qualquer coisa, que agora não me lembro o resto.

Hoje apeteceu-me reler um grande poeta. Álvaro de Campos. Não por ser Algarvio (era de Tavira, como sabem), nem por ter andado entretido a estudar engenharia em Glasgow. Também não foi por ter sido um viajante ou um discípulo de Alberto Caeiro.

Apeteceu-me relê-lo pela Ode Triunfal:

Ó fábricas, ó laboratórios, ó music-halls, ó Luna-Parks ...

Ó couraçados, ó pontes, ó docas flutuantes

Na minha mente turbulenta e encandescida

Possuo-vos como a uma mulher bela,

....”


Ah! Poder exprimir-me todo como um motor se exprime! Ser completo como uma máquina!"

Não era um “maquinófilo” Se algum título lhe pudessemos dar era o de “universófilo”:

Ah não ser eu toda a gente e toda a parte!

Quanta ironia tem este poema. Este homem era um génio. Como o Jorge Luis Borges nunca foi galardoado com o maior (ou mais mediático) prémio da literatura. Isso não desvaloriza o autor, desvaloriza é o prémio.

Leiam-no bem alto, por favor. E se puderem “sintam tudo de todas as maneiras”...

Modestamente, pudesse eu acrescentar qualquer coisa, diria: e sempre!

(citações da obra mencionada)

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