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quinta-feira, 3 de julho de 2008

Do mirc, chateando, até ao avatar

Mais uma viagem introspectiva...Saio de mim, tento ganhar distância, distanciamento para ter frieza na análise. Mas também não quero analisar, interpretar. Julgar também nunca julguei, e este é um princípio que mantenho. Quero apenas aproveitar mais um passeio pelos recantos das recordações, quando me surge uma hiperligação para esse passado...

Conheci-a no mirc. Há quanto tempo terá sido? Imenso. Chateamos um bom bocado, ou um belo bocadinho, como diriam no Algarve. Diria que foi um bocado de tempo belo. A descoberta é sempre bela, quando descobrimos o que queremos descobrir. E é fácil no mundo virtual... As coincidências foram surgindo, naturalmente.

Lembro-me do nosso primeiro encontro. Nervoso. Ela aparentava uma confiança que não tinha. Ficava-lhe bem a saia comprida, num padrão tipo escocês, e a blusa justa em tom pastel. O cinto largo reforçava a cintura estreita. Tinha o cabelo apanhado e nos olhos meigos pareceu-me ver uma ponta de tristeza... Era Inverno. Não resisti ao desejo de remover essa sombra escura de uns olhos bonitos. Dançámos e não nos pareceram músicas lamechas.
Encontrei-a outra vez, passado algum tempo, num liceu do Porto. Lembro-me que estava com uma amiga. Nenhum de nós era dessa escola e nessa rua, passado algum tempo, tive um acidente. A mota foi para a sucata e tive que cancelar um encontro. Fiquei triste.

Encontramo-nos também uma vez no Algarve. Era Verão e foi diferente. Daí ao messenger fui um instante e na vez seguinte encontramo-nos em casa de um amigo que, por coincidência, tinha saído. Também no Porto, fomos visitando outros amigos, que também não estavam.
Passado algum tempo passamos a encontrar-nos em minha casa, que antes não tinha, e ao longo destes anos temo-nos encontrado algumas vezes. Se dissesse, muitas pareceria que achava demasiado. Não é o caso. Sabe sempre a pouco.

O meu avatar de homem livre foi ficando cada vez mais autónomo até que tomou conta de mim. Não é personalidade múltipla, nem esquizofrenia. O avatar subjugou o homem comprometido. O caminho que outros haviam feito para ele, não era o dele. O avatar levou-o a fazer o caminho que seria o dele. Juntaram-se num homem diferente, avatar e autor ou autor e avatar. Decidiram-se chamar-se AA.
Com o passar do tempo o autor/avatar foi-se juntando ao avatar dela, dando lugar a um avatar integrado.

Alguém cantava alto: Socorro, estou apaixonado! Não preciso de cantar nem de dizer nada. Toda a gente vê. Os olhos não mentem. Digo-lhe só a ela, mas baixinho, ao ouvido, enquanto dançamos e trocamos IPs.

Vou escrever-lhe uma carta de amor e enviar por mail. Posso programar o envio para que a receba amanhã, já que hoje nos vamos encontrar outra vez. Assim fica a saber que avatar e autor pensaram nela...

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