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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Inflamado e doente



As recentes e inflamadas declarações de um dos nossos ex-presidentes da república, remete-me para outros significados dessa palavra e das suas derivadas. Inflamadas lembram-me doentes e neste caso já não iremos a tempo de alguma amputação. Talvez uma pequena reparação…

E doentes porque não consigo descortinar outra causa para as mesmas que não a mais recente questão das avenças – ou será que lhes devia chamar tenças – vitalícias dos políticos. É um tema pertinente e que também motivou reacções no mesmo sentido, de outro ex-presidente.
Tenho ao longo destes textos ironizar com os políticos portugueses e o conceito que têm de serviço e de servir. Que asco, diria um famoso escritor do séc. XIX. Que ferro, diria outro…

Que conceito de política, terão estas pessoas? Nos tempos da I República que estes novos republicanos tanto referem e citam, as pessoas tinham causas, acreditavam nelas e sacrificavam-se por elas… Não vivam confortavelmente à sombra de passados de “defesa da democracia”!



Plagio o discurso também inflamado de Afonso Costa sobre o fim da monarquia e dos seus privilégios em Novembro de 1906, onde também julgou e condenou publicamente à morte o rei D. Carlos: «Por muitos menos crimes do que os cometidos por D. Carlos I, rolou no cadafalso, em França, a cabeça de Luís XVI», dizendo que talvez por muito menos disparates já muito bom cidadão foi declarado tonto…

domingo, 13 de outubro de 2013

Brinquedos e brincadeiras

Adoro brincar. E também gosto de brincar com palavras…Hoje liguei a uma amiga com quem já não brincava há algum tempo. Disse-me que tinha um brinquedo novo.

Fiquei a pensar se o brinquedo novo se devia ao facto de não brincarmos há muito tempo mas, como gosto de brincadeiras, atrevi-me a perguntar se o brinquedo era o que estão a pensar…E se não preferiria brincar com um brinquedo a sério.

Seria o que estão a pensar? O que dizem? Costumo ser discreto nas brincadeiras, mas gostava de ver se a vossa imaginação vai na mesma direcção que a minha...

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

E-Pístola a Marçala



E-pistola segundo S. António, o Galhofeiro

Andava pelas terras de Emp-Reza uma mulher de nome Marçala, conhecida por nada saber, e por muito falar, invocando sempre o nome dos pregadores, como se com eles tivesse convivido e os conhecesse bem.

A sua fama já a precedia e antes de chegar, um grupo de fiéis seguidoras fazia anunciar a sua vinda, com algumas horas de antecedência, bem como também a chamavam, frequentes vezes, antes de terminada a sua pregação. As suas partidas eram mais imprevisíveis que as chegadas, sendo os seus desígnios aparentemente insondáveis.

Um dia Marçala chegou a uma nova terra, de nome OH-Ásis, abundante de recursos, mas ainda em grande parte inexplorados e de valor desconhecido. Ficava numa região quase deserta e muito pobre, mas os seus habitantes viviam ociosa e despreocupadamente, sem se preocuparem com a miséria que os rodeava, pois que iam tendo o suficiente para o seu dia-a-a-dia espartano.

A vinda de Marçala, como sempre, tinha sido anunciada e há muito tempo que se dizia naquela terra que haveria um dia de chegar um pregador que iria levantar e levar longe o nome de OH-Ásis, tornando-a num verdadeiro exemplo para todas as terras de Emp-Reza.

Como sempre, Marçala chegou já depois das colheitas, com os celeiros cheios e as mesas postas. Comeu e bebeu, fartamente, com os lavradores e quando se preparava para lhes dirigir a palavra reparou num homem sentado ao fundo da sala, fumando tranquilamente, de olhar absorto.

Quando falava da vida do profeta António e do que com ele tinha privado e dos muitos feitos com ele realizados, o homem levantou-se, calmamente, tirou o seu capuz, apagou o cigarro e disse com voz forte: Quem és tu Mulher e de quem falas, com tanta certeza? Sabes que esse profeta, de quem falas como se o conhecesses, está aqui, nesta sala?
Continuando, levantou os braços e disse numa linguagem que só mais tarde foi devidamente compreendida: Quando falares de alguém certifica-te, antes, que obtiveste a sua autorização e que falas do mesmo assunto, com a mesma intenção. O teu conhecimento não é verdadeiro e nunca mais falarás cá em Emp-Reza ou em Verdade…

Dito isto sentou-se e fez-se então o silêncio absoluto. Marçala não queria aceitar a palavra do profeta, que se tinha revelado para ela, pois que todos os outros sabiam que o conhecimento das escrituras era do profeta e não de Marçala.

O profeta nada mais disse, mas a cerveja congelou nos barris, o vinho azedou nas pipas e o pão ficou tão duro que ninguém o conseguiu comer. O frio era tal que poucos ficaram naquele bar.

Marçala retirou-se então, coberta de vergonha, mas o profeta continuou calmamente sentado, enquanto à sua volta tudo voltou ao normal e o bar voltou a alegrar-se e a aquecer com as vozes dos convivas.
Marçala nunca mais falou e nada se perdeu com isso, mas sempre que alguém lhe perguntava, referia-se ao seu encontro com o profeta e dizia que mais do que falar, importava ser e conhecer.

OH-Ásis progrediu e tornou-se a mais rica e fecunda localidade da região, não sendo precisa a intervenção do profeta que passou a ser recordado, anualmente, numa assembleia realizada depois das colheitas, sem que o tivesse alguma vez pedido ou desejado.

E assim nasceu o culto do profeta, naquelas terras, que antes eram da Verdade, mas ficaram ainda mais puras, desde essa altura e até ao presente.

Palavra da Internette.

Nota do escriba: Mais sobre Marçala aqui e aqui

domingo, 6 de outubro de 2013

Porque hoje é Domingo

Vem aí mais uma epístola. Estou a tentar fazer suspense e mostrar que não adiro ao aborto ortográfico. No entanto, uma interpretação mais profunda diria que sou um conservador, ao escrever Domingo em maiúsculas.

Maiúsculas são as letras grandes, não as malucas da Maia, em acordês...

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Abraço Cerrado, mais um tango da minha vida



Aqui costumamos dizer abraço fechado enquanto no idioma de Castela se diz abrazo cerrado. No abraço fechado a mulher está bem encostada ao homem e o abraço envolve-a.

Sinto-a chegada a mim, colada pelo peito, num abraço que tem tanto de sensual como de protector…

E esta lembrança vem da última milonga, em que o meu par me disse: Abraça-me, quero fechar os olhos e dançar. Não foi um pedido, nem um desejo ou ordem. Foi uma frase de encontro. Abracei-a, puxando-a delicadamente para mim.

Habitualmente espero que a mulher marque a distância e assim fiz. Enquanto a envolvia com o meu abraço senti que a sua cabeça repousava encostada na minha. Respirei e senti o seu aroma delicado e quente, enquanto as palavras suaves foram sendo lentamente absorvidas pelo meu cérebro, que entretanto já tinha deixado de funcionar: Abraça-me, quero fechar os olhos e dançar.

E dançámos nessa comunhão de corpo e alma. Repetimos e voltámos a repetir, fechando-nos para o que se passava à volta…

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Vistas Grossas



Diz o povo que o pior cego é o que não quer ver. Como sempre, estes ditados populares expressam, de forma sábia e simples, questões importantes da nossa vida. Pior cego é o que não quer ver sintetiza uma verdade incontornável, comprovada todos os dias e, de forma muito especial no rescaldo das eleições.
Também dizemos quando alguém olha para o lado, fingindo que não quer ver que faz vista grossa. A vista grossa, se usada com frequência, passa a ser um estado inicial da cegueira provocada por não querer ver… Quanto mais repetimos esse estado de vista grossa, mais perto estamos da cegueira voluntária. Como o hábito faz o monge – e aqui vai um outro aforismo – é óbvio que quem muita vista grossa faz, cedo lhe vem a cegueira!

Esta dissertação sobre a vista vem na sequência das autárquicas e dos comentários dos leaders partidários. Tal como previa todos ganharam. Bem, os laranjinhas talvez não, mas de resto todos ganharam, até o esfrangalhado Bloco, ou o Penta CDS. Sugiro que em vez de Penta CDS lhe passem a chamar Pinta CDS pois as conclusões do Paulinho são verdadeiramente assombrosas.

Fiquei triste com o Bloco. Não por esperar que fossem a algum lado, mas porque a Catarina é mais gira que os outros leaders e faz uns olhinhos que arrastam muita gente. Não funcionaram desta vez. Acho que o eleitorado vez vista grossa aos argumentos da miúda…

O PBX, Partido Berdadeiramente Xuxialista ganhou em Lisboa, subiu o número de Câmaras e o ego do Tozé ficou tão inchado que já aumentou uns números na camisa. De certeza que já mandou dois emails para a loja onde manda fazer as camisas e já twitou o assunto. Só marcou uma conferência de imprensa, para não cansar.

O que realmente me incomoda são os profissionais de presidência de câmara. Se o Relvas se tivesse lembrado disto, tinha tirado uma licenciatura em Presidência de Câmara e estava resolvido... Mas não, preferiu o caminho das pedras e foi pelo folclore que se resolveu especializar. Resultado: O povo não perdoou. Não fez vista grossa às trapalhadas…

Oh Eiras, Oh Eiras, onde andas tu, sem eiras nem beiras, podia ter sido um slogan de campanha. Não foi. Em Oeiras, preferiram um Vistas, que no espírito do seu mentor Isaltino, faz vista grossa ao bom senso, mas ganha as eleições. Vai fazer o Prision Brake 25 rodado no Oeiras Parque. Promessa eleitoral do sobrinho taxista, cheio de massa.

Mas nem tudo foi mau. O povinho mostrou que está farto que lhe dêem a mesma palha a comer, mas reciclada de outros lados…Os candidatos que alguém chamou de trânsfugas foram rechaçados. Gostei particularmente do Porto. Os porcos assados nos bairros sociais não levaram a nenhum lado e o Menezes levou um banho como nunca esperou. Sinal que não conhece as gentes do Porto. Oferecer tripas a portistas, é como levar areia para o deserto…No Porto ninguém fez vista grossa. Põe-te fino, carago!

E a justificação laranja, como sempre do pior. A falta de estratégia política, de bom senso e de discernimento na escolha dos candidatos levou ao desaire total. Como diria o povo, fez-lhes bem mas, a avaliar pelas reacções, não compreenderam a mensagem. Não a compreenderam por fazerem vista grossa, mas porque não a quiseram ver. E o pior cego, como diz o povo, é o que não quer ver…

E chega de política por hoje que vou ver outra coisa mais agradável e limpinha.