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domingo, 15 de janeiro de 2017

Fontes e bebedouros: do fontismo ao socretismo, uma história sem paralelo



Levou-me muito tempo a perceber a origem do frenesim construtivo que nos assolou num passado muito recente. Levado por uma tendência natural minha, confesso, via na I República a origem deste estado de coisas mas, francamente, a ideia não me agradava. Como sofista (era assim que um prof de filosofia me chamava, nos longínquos tempo de liceu), a ideia servia-me apenas de forma de discussão, sem qualquer aderência à realidade. E, de facto, a semelhança era apenas no título da obra de Platão, dilecto discípulo do nosso estimado homónimo que hoje recordo. A origem tinha que estar noutro lado.
E só ao ler o Terminar a Revolução, a Política portuguesa de Napoleão a Salazar, de José Miguel Sardica[1], percebi o meu erro e como as nossas convicções, ou preconceitos, nos levam a conclusões erradas, sem qualquer explicação racional.
O livro é todo ele fantástico, mas para provar a minha tese, refiro-me apenas ao período entre 1858 e 1871. E neste ponto tenho que referir que o meu blog e os seus textos são apenas ficções, como referi no princípio: http://empresaportuguesa.blogspot.pt/2008/03/porqu.html. Não há qualquer semelhança entre o que se passou no final do século XIX e no início do século XXI, no entanto apetece-me citar aqui um artigo anónimo do Jornal o Português, fundado por Alexandre Herculano. Fazendo mais um parêntesis, importa dizer que há quem o queira atribuir ao próprio Alexandre Herculano, desiludido com a solução Regeneradora encontrada para o Reino, mas uma pesquisa séria e aturada, permitiu a chegar à conclusão que o autor do polémico artigo era um Tyo de Valle do Lobo, Santharém y dos Allgarves, que nunca chegou a ser verdadeiramente identificado. Pois bem, as palavras usada por esse Tyo para descrever a classe política da época eram, entre outras, “mediocridade ambiciosa”,  “ leviandade inexplicável” mas, destaco sobretudo a brilhante conclusão de que “ A máquina a vapor e os caminhos de ferro são o pão e o circenses do século XIX”! E como é bom ver alguém pensa como nós!!!
É fácil ver que a máquina a vapor do século XXI são o Plano Tecnológico e o Parque da Instrução (as máquinas a vapor tinham um vagão com o carvão) e que o caminho-de-ferro dessa época são as scuts (sexo com utilidade turística). O facto de XIX e XXI terem exactamente os mesmos símbolos, provam a teoria da cabala e o grande paralelismo dinâmico destes factos históricos. Esta coincidência foi inspiradora para o nosso filósofo. O inspirador, tinha sido aluno brilhante, militar distinto e o país viveu, de facto, um período de grande desenvolvimento na segunda metade do Séc. XIX. Cem anos depois, este cocktail explosivo provocou séria mudança na mente jovem e influenciável do nosso engenheiro de obras feitas, especializado em inglês técnico. Cedo decidiu sacrificar a sua vida pelo governo da nação e panalizar os seus amigos, o que conseguiu com grande mérito, diga-se.

Nota: A questão do suposto desenvolvimento e efeito multiplicador do investimento do estado na economia tem vários defensores, recordo apenas que os empréstimos concedidos a Portugal nessa altura de grande desenvolvimento, acabaram de se pagar no tempo do nosso secretário de nome mexico-colombiano Tony Gutierres.


[1] Edição do Círculo de Leitores de Março de 2016, Coleção Temas & Debates

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